segunda-feira, 18 de maio de 2015

Baby Blues x Baby Rock

Estamos de volta, agora na tão esperada e atualizada versão do app Gravidez: a versão 2.0, a.k.a. com nenem. Portanto, mais objetiva e direta que nunca.

Comece não acreditando em tudo o que tá no BabyCenter.
Baby Blues. Gata, seguinte:  joga no Google, lê tudinho, com cautela, entenda os pormenores e permita-se ter isso da sua forma, desconsiderando firmemente essa mídia ridícula aí que coloca na sua conta as merdas desse sintoma totalmente químico, ditando impropérios como: poupe seu marido, segure a onda pelo seu bebê, tente cortar o cabelo e se maquiar pra melhorar, aceite a opinião das pessoas em volta, entenda que o bebê precisa de você o tempo todo e por aí vai.  Segura a cabeleira suja que este post vai ser bem rápido, diretão, papo reto... Não pq o nenem tá me dando trabalho mas pq acho que olhar pra cara dela é mais divertido que olhar pra tela clara do pc.

You know that I'm no good...
Enfim, Baby Blues é um período relâmpago que chamei de rebordosa e sim, existe pra caraleo. Se deixe ter. A primeira coisa. Informe-se, chore, xingue, faça exatamente como seu coração manda, evite a culpa, derreta-se de culpa, acorde descabelada e se odeie, escove o dente e se ame, viva alguns dias como se fosse o Oswaldo Montenegro, fique bem maluca mesmo, não escute ninguém, não faça nada que não queira. Exatamente isso: nada. E não ache que seu nenem vai morrer por isso, por favor. E não ache que seu companheiro vai te largar. E não ache nada. Apenas seja a locona do pós parto. E fodaz tudo. Entende?
 E como não? E porque não dizer que o mundo respirava mais se ela apertava assim?
O lance é que você ficou 9 meses com os hormônios do amor lá no talo. Te chamavam de puta na rua, vc agradecia e sorria como uma fada. E então esse app bizarríssimo, chamado Gravidez, é atualizado para a nova versão 'mãe de fato'. E eis que na atualização, perde-se TODO (eu disse: TODO) o hormonão delícia de uma vez só. Olha como o desenvolvedor vacilou. Dava pra fazer a queda mais devagar? Dava. Mas não, eles decidiram tirar tudo em 10, no máximo 15 dias. E então o efeito é: uma puta deprê.

Anote aí no que consiste o Baby Blues e já, de brinde, umas dicas de como lidar (que chamei de Baby Rock, tipo: mãos a obra pra lidar com essa merda) e tomara que ajude vc, que é diferente de mim, claro:

. Vontade de chorar absurda, por tudo e por nada.
> Dica: chore tudo, a hora que quiser, pelo que quiser.

. Raiva dantesca da intromissão das pessoas na sua vida, das opiniões, do faz assim, faz assado, assim tá errado, eu fazia assim e tal.
> Dica: Poupe-se, proteja-se, afaste-se, permita-se ficar mais na sua.

. Sensação de que é muito mais complexo do que parecia e que vc não vai dar conta.
> Dica: passa rápido se vc não entrar na bad trip. Desperta geralmente quando vc vai pegar no colo e erra a mão, faz alguma cagadinha, tenta tirar a blusa da criança sem tirar a manga primeiro e esses vacilos normais. Respire e pense: em 1 mês tô dominando essa plataforma e sim, sou foda. Meu nenem me curte.

Calma lá, gente...
. Insegurança a nível de alta baixa estima.
> Dica: vai rolar de se sentir péssima. Não tem jeito. E não, o caminho não é se maquiar, fazer luzes, cortar o cabelo, fazer unha. Isso são os paliativos impostos. O lance não é por fora. É por dentro. Dê uma boa penteada no seu amor próprio, entenda e veja a grandeza de ser mulher, de ser mãe e que isso é mais foda que muita coisa que vc fazia antes. Não caia na armadilha de achar que estética resolve dialética. Pense, analise, entenda-se, resignifique-se. Não foda a si mesma nessas horas. Nunca.

. Sensação de que sua vida nunca mais vai ser a mesma.
> Dica: você está certa. Não vai mesmo. Mas olha que legal... Quem nasce, cresce, reproduz e morre sempre igual é planta. E muita gente, claro. Mas que boring, né? Tente ver a beleza de nascer de novo, junto com sua cria. Tente conhecer a sua nova versão que, com certeza, é muito mais foda que a versão passada. Esquece esse papo de nunca mais você vai ter tempo, pro resto da vida alguém vai depender de você, esqueça noite de sono, sair, tomar um porre, namorar, viver, dançar. Mentira isso, juro! Você pode e deve fazer tudo isso de novo, só que agora, muito mais livre. Porque é pra você mesma e não pros outros. Quem inventou que filho é um problema tem problema. Filho é massa se você começar não seguindo o que sua mãe conta e o que as revistas pregam. Simples assim.

Colega: essa imagem é forçada, tá?
E o mais importante, pra fechar: desconstrua, todas as vezes que puder, a Ideologia da Maternidade, como bem disse a foda da Márcia Tiburi.

Tem muitas outras coisas (deixe nos comentários mais dicas pra gente se ajudar). E pra quem prometeu que o post ia ser direto: outra prova de que a gente nem muda tanto assim. Tá aqui a mãe prolixa fazendo um post enorme em consideração a todas as mulheres desse mundo que tem a grandeza e a coragem de parir, criar, nascer de novo e fazer do mundo um lugar melhor apostando que novas pessoas trazem a esperança de novos processos, logo, novo mundo.

Já para você que pensa que filho é pra si, pra não ficar sozinha, pra fortalecer o casamento, porque tem que ter, porque tá na idade e tal e coisa: licença, tenho um tanto de coisa pra fazer e não quero ficar deprê.


Um beijo triste,
Mamai



 
^