Enjôo, dor de cabeça, muito sono, estria, quadril eclipse, mancha na pele, peito rachando... algumas mocinhas devem saber que isso é dádiva perto do que vai acontecer com você quando descobrirem que tem um bebê aí dentro. A capacidade de uma mulher se tornar PHD da SUA vida a partir da gravidez DELA é diretamente proporcional à sua falta hormonal de paciência, advinda da progesterona em excesso (essa safada). Por isso, vamos desenvolver aqui, juntas, alguns truques para diminuir ou até mesmo eliminar a opinião alheia na sua vida e na vidinha que cresce dentro de você, a fim de evitar a fadiga, essa constante.
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Vc já sente alguma coisa, amiga? Cinto. |
Para começar o Manual do Bebê Clichê, observe e anote algumas frases e prepare-se para ligar o alerta assim que elas tropicarem na sua frente, nesse longo dia a dia que vai durar muito mais que nove meses. Assim que ouvir as orações listadas abaixo, acione o plano fuga, o plano choque ou o plano egípcia, que serão melhor explicados em um outro post. Primeiro, a lista:
Você vai ver quando: essa frase geralmente é combinada com citações temporais e sempre vem casada à ameaça do futuro, do depois, como se agora já não existisse mais e como se a tendência máxima e única da sua vida fosse o depois, que irremediavelmente vai piorar. Você vai ver quando nascer, quando fizer um ano, quando entrar na fase das perguntas, quando a bolsa estourar, quando o peito empedrar... e por aí vai. É engraçado ver que funciona com uma assumidade impecável para filhos mas, para outras experiências da vida, que comportam a sua individualidades nelas, não se aplica. Viajar para um mesmo lugar, por exemplo, rende experiências diferentes para duas pessoas também diferentes. Ter filhos não. Você vai obrigatoriamente passar por aquilo que a outra pessoa passou, independente do seu jeito de lidar com a vida. Se liga!
Já sabe se: Coisa chata é o outro querendo saber sobre coisas que não são racionalmente previsíveis e realmente não tem importância agora. A mania da ansiedade quer tomar conta de tudo. Uma criança só pode ser menino ou menina, não temos ainda um terceiro gênero, mesmo que a opção sexual seja escolhida depois e pelo próprio serzinho. Não importa agora o que é. Não vai mudar nada na sua vida até porque não teremos quartinho rosa ou azul, pepeca ou pipiu, boneca ou carrinho. É um ser humano completo, maior, indivíduo grandioso e único isso que vem aí. Quando vai nascer, como vai chamar, onde vai morar, pra qual time vai torcer, onde vai estudar, parto normal ou cesária, na bacia ou na banheira, vai deixar comer doce, galinha pintadinha... Todas, repito, tooodas as opções são completamente alheias aos pais. Tudo vai ser pensado e escolhido pela própria criança, que é a vida em si, latente, berrante, urgente de tudo e de todos e que nos ensina muito mais a viver do que nós a ela. Portanto, foda-se você com sua pressa. Deixa ser que ser é muito mais bonito que estar. E se tem uma coisa que não dá pra garantir quando uma vida chega é um estado único e padrão para esse pequeno tudo que a gente conhecia.
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Princesinha é o caráleo: meu nome é Jorge. |
Então tem que: a história do gosto é que nem bumbum deveria servir pra tudo na vida. Amor cada um sente o seu, medo, solidão, vontade de viajar, curiosidade sobre a vida, desejo sexual, escolha de voto, formação de pensamento... todos os sentidos e sentimentos são experimentados por cada indivíduo de maneira única e particular. Apesar da busca insana do ser humano por encontrar pares, tribos, por ser aceito e portanto, por encontrar pessoas que também acham aquilo, e só aquilo, normal e genuíno, chega a um ponto um tanto quanto incômodo quando o assunto é gravidez.
Não, não tem que fazer ioga, não tem que comer brócolis, não tem que acordar de frente pro sol, não tem que nada. Tem que se descobrir, se deixar ter ou não ter isso ou aquilo. A hora mais bonita da vida é essa em que uma alminha te faz mergulhar pra dentro de si mesma e para fora, absurdamente para fora de si mesma, para se ressignificar, se rever, se ser de novo, de outro jeito, se nascer para conseguir ajudar outra pessoa a nascer. E nessa hora, se a gente segue um manual padronizado da sociedade, se seguimos os passos seguros do outro, perde-se a beleza de descobrir a imensidão que é você e seus medos, suas alegrias, suas angústias, essas coisinhas bobas que te fazem ser alguém, em primeiro lugar, muito antes de ser mãe de alguém. Não tem que ser nem saber nada. Tem que se deixar descobrir, apenas. Errar e acertar é ser. Fazer e desfazer é estar.
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Mulheres sem bico do peito tendem a alimentar as crianças com bolacha. |
Já a mídia despecializada, pra fechar o papo, evite completamente, pelo amor de deos. E a não midia também. Não leia nada sem desconfiar, nem esse blog, nem esse texto, nem linha nenhuma sobre a SUA gravidez. Vai se ser, se experimentar e se deixar existir inteira pra esse bebê chegar lindo, saudável, inteligente, educadinho, perfeitinho, puxando as coisas boas do pai e esse sorriso lindo da mãe. Aliás, já decorou o quartinho?
Mentira. Se joga, grávida Diva... a gente vai sair dessa viva e muito mais feliz.
Beijos sem ira,
Mamai.